Quando comecei a acompanhar o futebol americano, lá por 2011, mal haviam algumas pessoas que entendiam o esporte. Conversar sobre, era ainda mais difícil. Foram vários os dias em que escrevia no Twitter ou no Facebook, e quase não tinha nenhum tipo de interação como resposta. Eram monólogos, com pequenas interrupções para uma resposta ou outra sobre algum jogo específico. Naqueles anos não tão distantes, imaginar a popularidade deste esporte tão incrível em nossas terras era difícil. Ganhar notoriedade dentro do Brasil então? Parecia impossível.
Aos poucos, a popularidade foi crescendo. A NFL foi ganhando audiência e hoje já somos o terceiro país que mais acompanha a liga, atrás do México e (obviamente) dos Estados Unidos. Mas ainda havia o descaso, a desconfiança. "Esse esporte não vai ser grande por aqui", "é muito violento, não tem como dar certo", "só é popular porque o marido da Gisele joga" ou "é uma moda, e logo já param de falar", eram alguns dos argumentos contrários. Foram muitas as vezes que ouvi opiniões assim, mas felizmente, todos estes tabus foram quebrados aos poucos.
Até que chegamos a este 18 de junho de 2016. O Campeonato Gaúcho alcançou neste ano a sua oitava edição, mas que foi a melhor de todas elas. Pela primeira vez, dez times participaram do torneio, divididos em duas conferências, com temporada regular, playoffs, e, claro, o Gigante Bowl, a grande decisão no Beira-Rio, realizada graças a parceria da Federação Gaúcha de Futebol Americano com o Internacional, que abraçou o esporte para sediar a grande final. A FGFA organizou um grande campeonato, digno de fazer inveja ao quase centenário Gauchão de futebol, que ultimamente deixa a desejar em vários aspectos, que não são o tema deste post.
O Santa Maria Soldiers já tinha sido campeão outras duas vezes. Na atual temporada, perdeu apenas um jogo, e foi o campeão da Conferência Oeste. O Juventude era o atual campeão, e chegou invicto ao Gigante Bowl após vencer com sobras a Conferência Leste.
A organização foi impecável. Antes do jogo, e no intervalo da partida, shows musicais animaram a torcida presente. Foram mais de 12 mil torcedores, público maior que a média de onze equipes que jogam o Brasileirão da Série A em 2016. Isso sem contar com a entrada das equipes, recebidas no gramado com show de luzes e fogos, lembrando a NFL. Só faltaram os aviões caças da Força Aérea Brasileira sobrevoando o Beira-Rio após o hino, mas isso fica para o ano que vem. Fica a dica.
Em campo, o que se viu foi um duelo de defesas fortes, e ataques precisos no jogo terrestre. Na primeira metade, o Santa Maria Soldiers garantiu um touchdown, sofreu um field goal, mas foi para o intervalo com a vantagem em 7 a 3. No segundo tempo, um fumble (quando um jogador perde o controle da bola) do Juventude FA fez o Soldiers ficar próximo da endzone, para anotar mais um touchdown. E no último quarto, outro TD fez a equipe da região central do Estado ampliar a vantagem para 21 a 3, e garantir o tricampeonato estadual. O MVP da partida foi o running back Guilherme Busanello, que anotou dois touchdowns terrestres.
O Gigante Bowl foi um sucesso. É um imenso orgulho ver que um esporte tão bacana garantiu um enorme prestígio por aqui. Posso dizer que vi o crescimento e a popularidade deste esporte aqui no Brasil. Jamais imaginei que, dois anos depois, um estádio da Copa do Mundo de 2014 abriria suas portas para o futebol americano. E não foi só um, como hoje mesmo teve a bola oval voando no Mineirão, e o recorde de público no Brasil foi na Arena Pantanal, em Cuiabá, em 2015. Que bom que paradigmas foram quebrados. Que bom que este esporte está crescendo. O sucesso do futebol americano no Brasil está acontecendo, e ainda há muito para melhorar, mas o mais importante, é que vai melhorar.